Ó Minas Gerais!

As luzes amareladas  e o casario colonial deixavam aquela rua com um ar de mistério, como se em algum momento fosse aparecer um soldado da corte em ronda noturna. O calçamento estilo pé de moleque, tal como no balneário de Paraty - a outra ponta do circuito do ouro e do café - provocava um cambaleo suave, que eu já não sabia bem  se era por causa do vinho. A lua apontava no céu, noite bela e fresca. 
Caminhar por Tiradentes após o jantar era prazeiroso mas ao mesmo tempo não deixava de provocar um quê de desconforto, talvez o silêncio dos becos escuros, ou a sensação de estar mais vulnerável, gente de cidade grande tem medo de andar pela rua em horas avançadas...
Mas, o interior de Minas tem uma calma e um encanto que seduzem qualquer viajante.
Eu havia chegado naquela manhã e de primeira fiquei encantada! A viagem de 300km em ônibus cansou um pouco mas aquela praça, aquelas construções que guardam tanta história, tudo isso compensou o caminho até ali. O propósito da minha ida era trabalho; sim, por sorte os congressos costumam buscar lugares interessantes para ser realizados e por mais sorte ainda tudo foi montado em tempo record, o que rendeu para mim 3 dias de passeio.
Minas Gerais tem sua história intimamente ligada à descoberta do ouro quando no final do séc.XVII os bandeirantes se embrenharam pelas matas da Serra do Mar, capturando indígenas e buscando tesouros, até que encontraram grandes reservas de riquezas minerais nos leitos dos rios e nas encostas dos morros, que em grande parte foram levadas para Portugal através da Estrada Real – Porto de Paraty.
A cidade, que é Patrimônio Histórico  Nacional, recebeu esse nome após a proclamação da República em homenagem ao alferes Joaquim José da Silva Xavier. Antes, entre outras denominações, havia se chamado Arraial Velho de Santo Antônio e São José Del Rei.
Visitar Minas significa também comer bem. Ao redor da praça principal – o Largo das Forras – e por várias ruas da cidade há bons restaurantes de típica culinária mineira e outras opções como uma ótima cantina italiana. - Feijão tropeiro no capricho e uma cerveja, por favor. Sim, vou sentar aqui, comer e ver o resto da tarde passar, o evento está montado, cliente já nos deu seu aval, resta dedicar-se à contemplação. Que dificil foi levantar daquela cadeira! rsrs Só que curiosidade de andarilho soa lá dentro qual alarme de despertador...vá conhecer a cidade menina!
O relevo brasileiro e a forma sinuosa das cidades de origem portuguesa provocam surpresas a cada esquina, ao contrário das cidades espanholas com  sua quadricula regular. Uma ladeira, um largo, uma igreja, a antiga cadeia, nunca se sabe bem o que vai surgir. Subi até a igreja Matriz de Santo Antônio e de repente, que paisagem tão bela a serra de São José  tocando e definindo os limites da cidade. Um dos mais ricos exemplares do barroco brasileiro, a Matriz foi construída com a frente voltada para a Serra e com o antigo cemitério ao lado; lá dentro a beleza dos lustres de prata e o ouro que decora o altar e suas imagens. Ao Aleijadinho são atribuídas as esculturas da fachada que datam de 1810. 
Muitas das antigas casas funcionam como lojas de artesanato, barzinhos ou galerias de arte. A simpatia das pessoas é contagiante..."quanto menor a casinha, mais sincero é o bom dia". Chegando de volta à praça escuto um turista que chama alguém: - Milton! Ei Milton! E não é que havia um condutor de charrete clone de ninguém menos que Milton Nascimento!? rsrs o cara era iguaaaaal. Figura mais conhecida do pedaço, claro!

Além da gastronomia, outra coisa atrai muito ali: as fábricas de móveis. Madeira, texturas, aquele ar de campo, de fazenda, ô cada coisa linda sô! Sou adepta do estilo contemporâneo, mas sempre com a presença de alguma peça autóctona que dê aquele toque especial e muitas vezes se torna um ponto de atração, valorizando o ambiente. Sim, é claro que saí dali após encomendar um aparador e um banquinho mineiro lá pra casa no Rio...irresistível. As fábricas de móveis têm preços bem atrativos e o frete sai quase de graça pois é compartilhado entre todas as entregas.

Tiradentes não está só, várias são as cidades mineiras que super valem a pena ser visitadas. Eu já conhecia a belíssima Ouro Preto, e Congonhas. E ali perto ficava São João Del Rei, onde eu ainda não havia estado e se podia chegar de Maria Fumaça...alguma dúvida sobre o que foi que eu fiz?
O trem saía a meia manhã, dava certinho pra tomar o café, curtir a viagem que dura em torno de 40 minutos, passear e pegar o ônibus de volta pro Rio no fim do dia. A criançada estava animada, havia muitas famílias fazendo o mesmo passeio. Que charme aqueles vagões de madeira, aquela chaminé que apitava avisando a partida! A estrada de ferro foi inaugurada por volta de 1880 por D.Pedro II e hoje continua em funcionamento apenas o percurso de 12km entre Tiradentes e São João del Rei, de sexta a domingo.

São João já é uma cidade maior, com edifícios e um aeroporto, mas seu centro histórico guarda também algumas jóias da Arquitetura, como a igreja de São Francisco de Assis com sua fachada com detalhes em pedra-sabão e interior rococó.
Funcionou como entreposto no caminho entre Tiradentes e o porto, e localiza-se num vale. Em suas serras é possível encontrar espécies representativas da Mata Atlântica e do cerrado e há ofertas de várias atividades de ecoturismo.

E qual é o melhor souvenir que se pode levar de Minas?...na verdade não é só um, são vários: salame caseiro, queijo, doce de nata e de leite. E mochila é que nem coração de mãe né, sempre tem lugarzinho para mais um. Ao chegar em casa e sentir saudades dali, abro o salame e o queijo e com um bom vinho posso chegar a cambalear de novo...e lembrar das pedras de pé de moleque, pois como diz a canção: Minas Gerais, quem te conhece não esquece jamais!

>en español
Las luces amarillas y los edificios coloniales daban a esa calle un aire de misterio, como si en cualquier momento un soldado aparecería en su ronda nocturna. El  pavimento rocoso e irregular similar al de Paraty – ciudad en el otro extremo del camino del café y del oro – me hacia dudar si el mareo era de la piedras o del vino. La luna alta en el cielo, la noche hermosa y fresca.
Caminar por Tiradentes después de la cena era agradable, pero al mismo tiempo provocaba un toque de incomodidad, tal vez el silencio de los callejones oscuros o la sensación de estar vulnerable, la gente de ciudad tiene miedo de pasear por la calle en horas de la madrugada. Pero el interior de Minas Gerais tiene una calma y un encanto que seducen a cualquier viajero.

Yo había llegado en la mañana, el viaje de 300 kilometros en autobús habia sido un poco cansador pero esse lugar y sus edificios historicos valian la pena. El propósito de mi viaje era un trabajo, por suerte los congresos suelen buscar lugares interesantes para realizarse.
Minas Gerais tiene su historia desarrollada trás el descubrimiento de oro al final de siglo XVII cuando los exploradores encontraron grandes reservas de recursos minerales en el lecho de los ríos y en las colinas, tesoros que en gran medida fueron llevados a Portugal por el Camino Real - puerto de Paraty. La ciudad, que es Patrimonio Histórico Nacional, ganó esse nombre trás la proclamación de la República en honor al teniente Joaquim José da Silva Xavier, uno de los próceres de Brasil en la lucha por la libertad, así apodado Tiradentes por ser dentista.

Visitar Minas también significa comer bien. Alrededor de la plaza principal y por varias calles de la ciudad hay buenos restaurantes de comida típica minera y otras opciones culinarias como una excelente cantina italiana. “Feijão Tropeiro” y una cerveza, por favor. Sí, me sentaré aquí a comer y ver transcurrir el resto de la tarde, el evento ya está armado, el cliente ya ha dado el visto bueno y la tarea siguente es dedicarse a la contemplación.

El relieve de Brasil y la forma sinuosa de las ciudades de origen portuguesa causan sorpresas a cada paso, a diferencia de las ciudades españolas con su trama regular. Una iglesia, la antigua cárcel, nunca sabes lo que vas a encontrar. Me acerqué a la iglesia  de Santo Antonio y de pronto se te presenta el hermoso paisaje de la sierra de São José que define los límites de la ciudad. Uno de los ejemplos más ricos del barroco brasileño, esa iglesia fue construida con el frente hacia las montañas y un antiguo cementerio en el lado y adentro encontrás la belleza de las lámparas de plata y el oro que decora el altar y sus imágenes. Muchas de las antiguas casas de la antigua vila funcionan como artesanías, bares y galerías de arte. La amabilidad de la gente emociona: "más pequeña la casita, más sincero el buen día."

Más allá de la gastronomía outra cosa que atrae mucho en la región son las fábricas de muebles en estilo campo. Me gusta lo contemporáneo pero siempre combinado con piezas decorativas de líneas más rusticas. Compré un aparador y un banco para mi casa en Río ... irresistible. Las fábricas de muebles tienen precios muy atractivos y el flete sale muy barato ya que es compartido por todas las entregas.

Tiradentes no está sola, hay varias ciudades mineras que merecen una visita. Yo ya conocía la hermosa Ouro Preto y Congonhas. Ahi cerca quedaba São João Del Rey que yo no conocia aún y se podía llegar en un antiguo tren turistico conocido como “Maria Fumaça (humo)” por aún funcionar a vapor. El tren salía a media mañana, perfecto para salir luego del desayuno, disfrutar del viaje que dura unos 40 minutos, pasear por São João y tomar el micro de vuelta a Río al final del día. 
El ferrocarril se inauguró alrededor de 1880 por el rey Pedro II y permanecen hoy en funcionamiento sólo esos 12 kilometros entre Tiradentes y São João del Rei, de viernes a domingo.
São João Del Rey es una ciudad de porte medio, con algunos edificios y un aeropuerto, pero su centro histórico tiene también algunas joyas de la arquitectura, como la iglesia de San Francisco de Asís. En sus sierras se pueden encontrar especies representativas de la Mata Atlántica y el Cerrado y se ofrecen varias actividades de ecoturismo.

¿Y cuál es el mejor recuerdo que puede llevar de Minas Gerais?...en realidad no es uno pero sí varios: salame y queso caseros, dulce de crema y leche.

Al llegar a casa y extrañar ese lugar abro el salame y el queso y con un buen vino puedo de nuevo sentir el cambaleo del piso rocoso de aquella ciudad que enamora.




No hay comentarios:

Publicar un comentario