Onde é o rock hoje, véi!?

“Todo capixaba tem
Um pouco de beija flor no bico
Uma panela de barro no peito
Uma orquídea no gesto
Um cafezinho no jeito
Um trocadilho na brincadeira
Um congo no andar
Um jogo de cintura
Um chá de cidreira
Uma moqueca perfeita
E uma rede no olhar.” (Elisa Lucinda)


Se perguntarmos a alguém quais cidades litorâneas do Brasil gostaria de conhecer, é muito provável que escutemos Rio, Salvador, Porto Seguro, Fortaleza, Florianópolis talvez...mas, não podemos menosprezar uma cidade que fica localizada entre as belezas de Rio e Bahia. Vitória, está logo ali e tem muitos encantos.

Quando era pequena fizemos várias viagens em família para Guarapari – quem lá em casa não lembra do belo hotel Porto do Sol... – com Vitória de passagem. Voltei a frequentar a cidade há uns 2 anos e aos poucos venho descobrindo seus cantinhos. Digo cantinhos pois a capital do Espírito Santo não é uma cidade exuberante, mas sim vai-se apresentando aos poucos de maneira tranquila, como os capixabas.

O sotaque deles é um tanto parecido ao mineiro, só que mais suave. Cativa. A cidade tem uma escala que te permite cruzá-la de ponta a ponta e quase nem sentir, sobretudo quem chega da megalopolínica Rio de Janeiro, é uma “grande cidade pequena” e não é a toa seu carinhoso apelido de “Vitorinha”.
Vitorinha se encontra no samba da xepa da rua Sete, no centro, delicinha de programa que começa por volta das 14h de cada sábado depois da feira livre; se encontra no quiosque K1 da orla de Camburi com música ao vivo, se encontra na praia da Ilha do Boi.
Algo que me chamou muito a atenção foi a Festa de Iemanjá. Lá estava eu um 2 de fevereiro e meus amigos me levaram até o pier onde fica a estátua dela. Grupos de capoeira, baianas, cânticos, eu não esperava fora da Bahia ver uma celebração tão bela e completa; como não sou de deixar passar as oportunidades rsrs terminei participando no barco que leva as oferendas pro meio do mar.
Depois foi só festa na areia, caipirinha, música, dança, caipirinha, amigos, e dá-lhe jogar flores ao mar, dá-lhe tomar mais caipirinha, e nem Iemanjá me protegeu da ressaca no dia seguinte!!
É, o rock foi pesado rsrs...ah, desculpem mas já estou falando na gíria local. No Rio se diz “night”, em Sampa “balada” e em Vix “rock”. O legal é que lá eu já curto algumas internas da cidade. Que turista iria tomar uma cerveja no bar do Mãozinha, boteco lado B total que fica em frente à Universidade?
Voltando ao circuito mais convencional, boas pedidas são: cerveja artesanal com pastel de angu no Sabor da Roça em Camburi (provei há pouco tempo, a massa é de angu bem sequinha e com recheio de carne seca fica show), praia e quiosques na Curva da Jurema, visita à Goiabeiras e suas panelas de barro, etc.
O Convento da Penha super merece ser visitado pois além de ser uma construção datada dos anos 1500 de lá tem-se uma vista bem bacana, de um lado Vitória e do outro Vila Velha. E quem aí nunca foi à fábrica da Garoto provar chocolates?
Eu.
Melhor do que comer bombons foi ir até a Barra do Jucú provar uma boa moqueca capixaba. Diferente da baiana, ela não leva leite de côco nem dendê, mas é bem saborosa também.
E já que estamos falando dos arredores, Manguinhos, prainha muito tranquila que vale uma ida e se tiver sorte pega o Festival de Jazz lá, ainda pendente na minha agenda assim como visitar a região da serra.

Agora, alguns devem estar se perguntando porque coloquei uma canção de Dominguinhos como prévia deste post. É que de lá fui parar em Itaúnas véi!
Imaginem um lugar que tem praia com dunas, rio, parque, mangue, rua de terra e fica bem próximo ao extremo sul baiano: um paraíso.

Itaúnas é o lugar perfeito pra quem quer andar de biquini e chinelo o dia inteiro, e só se emperequetar um pouco mais pro arrasta-pé. E eu fui parar lá em pleno Festival Nacional de Forró; o festival mobiliza todo mundo por lá e pra mim foi uma experiência musical nova.
Xote, barzinho pé na areia, peixe frito, cerveja gelada, brisa e água fresca...não dá pra reclamar né?


A vila surgiu por volta do século XVIII e até hoje é possível encontrar ali comunidades quilombolas. Havia originalmente uma faixa de mata que a separava do mar e controlava o avanço do lençol de areia, com a derrubada dessa faixa de mata entre as décadas de 1950 e 1970, a areia avançou sobre a antiga vila, soterrando-a. Hoje restam algumas ruínas, que podem ser observadas quando a areia as descobre.

Espírito Santo ainda me reserva vários cantinhos desconhecidos, mas a idéia é essa mesmo: é legal sempre ter uma razão para voltar.


*Capixaba em tupi significa “roça de milho” que se cultivava muito por ali na época colonial  e Itaúna  "pedra negra" (ita = pedra e un = negro) em alusão às pedras negras do fundo do rio Itaúnas.

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